olhos de morte … ou transparecem as entranhas doentes ou confirmam a consciência da inevitabilidade. antedizem o fim. radiam o medo. enchem-se de adeus. 2012
. . . . .
100% absorção há dias de total permeabilidade. de absorção. em que nos punge a miséria dos outros. tão clara nos olhos de cada um. com uma justeza que apavora e dói. o corpo deixa-nos sozinhos. não há portas nem guarda-chuvas. uma tristeza tenaz, a dos outros. e penetra-nos mudos e imóveis. até cairmos no chão. exaustos. 2012
. . . . . medo medo é paralisia, timidez, ansiedade. rédea curta. medo têm todos os homens. acima da raça, crença, classe, nacionalidade, clube. além do rótulo. medo é condição humana. faz-nos acreditar. motor do sonho, do conhecimento, da conquista. uma questão de sobrevivência. medo tem do outro lado a liberdade. mundo de heróis. iguais e diferentes, vencedores. o princípio da esperança. medo não tem no seu pior a morte. dela nasce a memória. na história, no livro, no disco rígido, no coração. medo mau é o que temos de nós. do ridículo. da solidão. de um beijo no escuro. mede vence-se com partilha, troca. um processo de transferência. de frontalidade em rede. medo é do que somos feitos. eterna matéria efémera. 2010